02 maio, 2006
Quadras da minha quadra
Foto: Mara Mitchell
Fonte: A velhice - Olhares.com
Quadras da minha quadra
"Dez de janeiro tantas vezes!
Oitenta? Mais, oitenta e tantos.
Os dias vão, passam-se os meses
Somam-se os anos. Quantos ! Quantos!
Deus não me falte com a memória
Para ter sempre uma saudade
Para lembrar a minha história
Embora esqueça a minha idade.
Bela palavra é oitentão!
Quero viver, quero viver,
Porém daí, não passo, não
Fazendo anos com prazer...
Não me iludir, velhice pura
Cheia de vida e verdadeira
Dispensa drogas e pintura
Trair o tempo é que é asneira.
Remédio para cabelo branco
O que não suja nem sapeca
Só vejo um, para ser franco
Só vejo um, que é a careca..
Negar idade engana alguém
Engana a vista ? Engana a morte ?
Ser muito velho é um grande bem
Uma vitória, muita sorte.
Bem, eu não vou fazer mistério
Arranjo ruga, o rosto vinco,
A falar mole, a falar sério:
Já passei de ... oitenta e cinco.
E, homem de lutas do passado
Sem temer faca nem trabuco
Tenho hoje um medo desgraçado
Viver demais, ficar caduco.
Ah, quem me vale é o Padre Eterno
Velho e a levar sempre a melhor
Regendo o céu, regendo o inferno
Regendo a terra, que é pior.
Tem nada não. Vai-se o juízo
E assim de novo eu amanheço:
O que era triste causa riso
O que era fim volta ao começo."
José Américo de Almeida
Seu Vicente, feliz aniversário!!
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