19 outubro, 2009

Paciência

"Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora,
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não..."

Composição: Lenine e Dudu Falcão

17 outubro, 2009

"Dos relacionamentos que você já teve, quais foram as ocasiões em que verdadeiramente você foi modificado para melhor?
Será que você é a lembrança doida na vida de alguém?
Será que você já construiu cativeiros?
Ou será que já viveu em algum?
Será que já idealizou demais as situações, as pessoas e por isso perdeu a oportunidade de encontrar as situações e pessoas certas?

Sejam quais forem as respostas, não tenha medo delas.
Perguntar-se é uma maneira interessante de se descobrir como pessoa, pois as perguntas são pontes que nos favorecem travessias."

Padre Fábio de Melo

13 outubro, 2009

Pegadas na lua

"A parte que me cabe
nesse peito seu
novamente vai se lembrar
sua boca era silêncio
A terra queria girar

A parte que me cabe
no teu sonho ateu
novamente quer acreditar
em universos infinitos
sem nenhuma luz pra te cegar

A parte que me cabe
nesse peito seu
novamente vai respirar
em lugares abafados
onde ninguém vai passar

A parte que me cabe
nesse espelho seu
novamente vai desejar
o que parece inatingível
mas faz o mundo melhorar

Eu sou uma força
jorrando palavras
pelos canos de vitrines e ruas
por onde você vai trafegar

Eu sou essa força
abrindo suas gavetas
tirando palavras que podem
até te contar

Eu tenho uma força
que deixa pegadas na lua
na esquina por onde
você também vai levitar"

Composição: Samuel Rosa e Humberto Effe

11 outubro, 2009

Somewhere I have never travelled

"Um simples olhar teu facilmente me desabrocha
Embora eu me feche como os dedos da mão
Tu sempre abres pétala por pétala do meu ser,
como a Primavera abre a primeira rosa

(...)

Eu não sei dizer o que existe em ti que me prende
E me liberta..."

E. E. Cummings

10 outubro, 2009

Hoje é tempo de ser feliz

"A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.

Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existencia as mais diversas formas de sementes.

Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós,será plantação que poderá ser vista de longe...

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!"

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!

Infelicidade, talvez seja o contrário.

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra.

Cuidado com os semeadores que não lhe amam.
Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.

Cuidado com os semeadores que você não conhece.
Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...

Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.

Cuidado com os amores passageiros...
eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam...

Cuidado com os invasores do seu corpo...
eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...

Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar...
eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...

Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí...
elas costumam estragar o nosso referencial da verdade...

Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos...
elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.

Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.

Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.

Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida.

Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito...

A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..."

Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões.

Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma.

Isso prova que Ele ainda acredita em você.
E se Ele ainda acredita, quem sou eu pra duvidar?"

Padre Fábio de Melo

07 outubro, 2009

Sorry to myself

"For hearing all my doubts so selectively and
For continuing my numbing love endlessly.
For helping you, and myself: not even considering
For beating myself up and over functioning.

To whom do I owe the biggest apology?
No one's been crueller than I've been to me.

For letting you decide if I indeed was desirable
For my self love being so embarrassingly conditional.
And for denying myself to somehow make us compatible
And for trying to fit a rectangle into a ball.

And to whom do I owe the biggest apology?
No one's been crueller than I've been to me.

I'm sorry to myself.
My apologies begin here before everybody else.
I'm sorry to myself.
For treating me worse than I would anybody else.

For blaming myself for your unhappiness
And for my impatience when I was perfect where I was.
Ignoring all the signs that I was not ready,
And expecting myself to be where you wanted me to be.

To whom do I owe the first apology?
No one's been crueller than I've been to me.

And I'm sorry to myself.
My apologies begin here before everybody else.
I'm sorry to myself.
For treating me worse than I would anybody else.

Well, I wonder which crime is the biggest?
Forgetting you or forgetting myself...
Had I heeded the wisdom of the latter,
I would've naturally loved the former.

For ignoring you: my highest voices.
For smiling when my strife was all too obvious.
For being so disassociated from my body,
And for not letting go when it would've been the kindest thing.

To whom do I owe the biggest apology?
No one's been crueler than I've been to me.

And I'm sorry to myself.
My apologies begin here before everybody else
I'm sorry to myself.
For treating me worse than I would anybody else."

Composição: Alanis Morissette

04 outubro, 2009

Não sabemos namorar

"Agora dei para mascar chiclete com sabor melancia.

Deveria esconder esse detalhe. Mórbido para quem atravessou os 36 anos.

Mas vejo o quanto escondo o romantismo debaixo da mordida. Sou açucarado. Meu beijo é diabético. Logo eu que passo uma imagem seca de bolacha de sal.

Vá lá, não vou sorrir para mim de noite ou pedir a benção para os apaixonados, mas não acredito nesta história de acomodação no romance. Que de uma hora para outra cansamos. Não é cansaço, não é que paramos de seduzir porque conquistamos e que não precisamos mais arrebatar com surpresas. Não é que estamos seguros e não arriscamos mais. Não é o conforto ou o domínio territorial.

Senão começaremos a acreditar que existe cupido. E cupido é o mais cafona dos anjos. Quem começa uma relação com cupido termina na fossa repetindo os erros ortográficos das canções sertanejas.

Confio que há gente que não saiba namorar. Não sabe namorar, e pronto. Supõe que é instintivo, natural, que é beijar, abraçar e os oceanos transportam a espuma. Que basta amar e as relações funcionam.

Mas as relações queimam pelo pouco uso. A eletricidade enferruja.

Há gente que jura que namorar é cumprir um expediente depois do expediente: jantar, conversar e transar. Há gente que não quer namorar, e sim uma amizade para dividir o que se é. Sem tensão. Sem cobrança. Sem nervosismo.

Que tudo está definido e seguro para o final do ano, que não pode ser perdido no próximo minuto. Eu acabei de perder o próximo minuto.

Namoro é ambição. É um final de semana a cada dia. É uma delicadeza insuportável, antecipar os movimentos e agradar quando não se espera. Gentileza em cima de gentileza, infindável. Um cuidado para não magoar com aviso e pergunta, com aquela educação concedida a gestantes e idosos.

Namorar requer uma atenção absoluta. E não reclame: amar pode ser para toda a vida quando oferecemos toda a nossa vida.

Tem que se preparar, ceder, abrir espaço, oferecer, renunciar. A inquietação nasce da paciência. A criatividade nasce de uma porta fechada.

É um extremismo terrorista. Explodiremos civis.

Durante algum desentendimento, mobiliza-se a genealogia da imaginação para escandalizar de novo. Carro de som, helicóptero, arranjos suicidas pela janela. Não é permitido ficar quieto, parado, para conversar a respeito. A conversa demora.

No namoro, não existe como ser egoísta. Egoísmo se deixa no JK. É pensar pelo outro, com o outro, como o outro.

É ter uma lista de compra de mercado na ponta da língua, junto com o chiclete de melancia: qual a pasta de dente que ela usa, o xampu, o condicionador, o azeite, o leite que toma, o suco... Desconhecer a geladeira da namorada é passagem direta para o congelador.

É entrar numa livraria e pensar no livro que ela vai gostar, é entrar numa loja e pensar um vaso que combinaria com sua sala, é entrar no cemitério e sonhar com um mausoléu para a família, sim, planejar a morte junto - nada mais romântico.

É entrar em si mesmo e lustrar as memórias mais distantes para parecer orfão antes de sua chegada.

Agora dei para mascar a minha boca."

Fabrício Carpinejar