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03 junho, 2007

Ilusões


Foto: Bart
Fonte: Olhares.com


"Minhas ilusões morreram…
Eu estava sentada em frente ao computador quando recebi a notícia do acidente que, alguns meses depois, se mostraria fatal.
Antes disso, elas estavam bem de saúde, mantinham uma rotina diária de exercícios, dieta (engordativa, o que, no caso das ilusões, é muito saudável), vitaminas e tendência a uma auto-estima elevada.
Elas eram tão lindas: cor-de-rosa, redondas, macias... tão confortavelmente instaladas, eu já as conhecia há tanto tempo. Eu as criei, alimentei, vesti-as com as cores mais bonitas. Sempre conversava com elas, mostrava o meu amor, minha adoração.
Não há muito que se dizer do acidente; foi um trem descarrilhado que, em um dia sombrio, frio e nublado, saiu carregando tudo.
Acompanhei a evolução do quadro clínico, vi dia-a-dia a situação piorar. A cada novo dia, elas tinham menos mobilidade, mais dificuldade para respirar. Foram colocadas em aparelhos, com tubos por todo canto. Não pareciam mais tão bonitas naquele estado. É triste dizer isso, mas as ilusões só são mantidas porque são tão bonitas...
Não estou querendo ser preconceituosa, mas ilusões feias?! Melhor não tê-las.
Depois de algum tempo, perderam a sensibilidade; mesmo que sobrevivessem andariam em cadeiras de rodas para o resto da vida.De acordo com os exames e o parecer dos médicos, não havia o que se fazer por elas. Depois de muito sofrer e lamentar, decidi pela eutanásia. Entrei no quarto escuro e desliguei os aparelhos."

Valeschka Guerra

10 dezembro, 2006

Sonho



Foto: Nuno Milheiro
Título: Spring Painting
Fonte: Olhares.com


Sonho
(2001)

"À noite, fechei os olhos
E me rendi ao cansaço
De mansinho, o sono chegou
E me levou pelo espaço.

Vi uma revoada de borboletas
Por sobre as flores da estrada,
Tinha uma canção da cabeça
Para alegrar minha caminhada.

No campo passei voando
Num galope disparado,
Senti o vento no rosto
Com o coração acelerado.

Vi todas as estrelas do céu
Em noite de lua cheia,
E seu brilho era um véu
De prata por sobre a areia.

Vi o sol nascer bonito
Quando o dia se levanta,
E ouvi a alegria
Da passarada quando canta.

Senti o cheiro da chuva
No olho verde da vida
E voltou ao meu coração
A alegria perdida.

No mundo dos sonhos, eu vi
Na suave claridade,
Um sol em seu olhar
Brilhar com intensidade.

Vi o sorriso dos filhos
Que ainda desejo ter
Naquele olho de sol
Que sorria, a me aquecer.

Vi tantas coisas lindas,
Arco-íris, tempestades,
O pincel de um poeta
A colorir a cidade.

Vi um dia ensolarado,
Uma noite de luar,
As quatro estações do ano,
O mundo sempre a girar.

Senti o cheiro da terra
No meu corpo se perder
Senti o sorriso da vida
Em meus lábios florescer
E, ao acordar da viagem,
Sei que sonhei com você..."

17 outubro, 2006

Sorrisos




Foto: Sérgio Redondo
Fonte: Olhares.com



Sorrisos

"Fiz poesias para você... ainda as faço.
Palavras de tinta azul na folha em branco
Cujas linhas direcionam meus pensamentos,
Sensações, desejos, sentimentos
Descrevo o teu sorriso, o teu olhar,
A sutileza dos gestos,
Enquanto sua respiração quente arrepia minha pele.
Meu olhar sorri.

Sonhei com você... ainda sonho
Entre flores e pesadelos,
sensações surreais de amor e distância
Que preenchiam minha cama nas noites de solidão e ânsia.
Meu sono sorri.

Viajei com você... ainda viajo.
Demos uma volta ao mundo juntos.
Navio, carro, avião, estrada.
Quantas luas, quantos sóis nessa nossa caminhada
Quantas noites estreladas vivemos na grama molhada
Nos quatro cantos do mundo.
Meu caminho sorri.

Fiz amor com você... ainda faço.
Minha cama em fogo, cheiros, toques, sons e gritos
Respiração pesada e quente no meu peito
Jeito de quem não tem medo e nem pudor
Do sexo e do amor.
Meu corpo sorri.

Tive filhos com você... ainda os tenho.
Crianças brincam ao meu redor.
Seu sorriso eu vejo em cada rosto
E o brilho dos seus olhos brota do meu ventre,
Rasga o corpo e eu te dou à luz.
Meu filho sorri.

Vivi com você... ainda vivo.
Quanto tempo durou? Não sei.
Sei que já acabou.
Mas, em meu pensamento,
Ainda vivemos juntos, ao sabor do vento
E eu sei que ainda espero o teu retorno, forte e quente
Para que o meu sorriso volte a estar presente
Nas suas canções."

Em 08 de dezembro de 2000

14 outubro, 2006

Soneto da palavra



Foto: Nuno André Monteiro
Fonte: Olhares.com


Soneto da palavra

"A palavra nos define
A palavra nos limita
Existimos pela palavra
Verbo: palavra infinita.

Difícil é comunicar,
Expressar, abrir a boca
A palavra nos expõe
É como tirar a roupa.

Despir o corpo de seu sentido
Esvaziar-me de tudo:
Do sagrado e do proibido.

Virar palavra única, essencial.
Assim me encontro, grito mudo
Silêncio: palavra final."

22 de maio de 2001

(escrito após uma falha de comunicação no diálogo dos meus sentimentos com os teus...)